Digital representation
Digital representation thumbnail

Alberto Marçal Brandão

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/CPF/AMB
Title type
Atribuído
Date range
1898 Date is uncertain to 1919-12-23 Date is uncertain
Prominent dates
Finais do séc. XIX - Inícios do séc. XX
Dimension and support
Dimensão: 2 liv., 4 cadernos e 3599 doc. fotográficos (negativos e positivos); Suporte: vidro e papel
Extents
0 Álbuns
Biography or history
Alberto Marçal Brandão, nasceu a 18 de Julho de 1848, na Rua de Santo Ildefonso, na cidade do Porto. Filho primogénito de José Marçal Brandão e Maria do Carmo Maxima Lopes, Alberto Marçal Brandão cresceu no meio de uma família burguesa, com estreitas relações comerciais e de amizade com personalidades importantes da sociedade portuense.

O seu pai foi, desde 1847, dono de uma retrosaria, dedicando-se a essa profissão até à sua morte. A casa comercial foi herdada por Alberto e pelo seu irmão Alfredo, reconhecido miniaturista. Estes associaram-se aquando da morte do pai. José Marçal Brandão foi eleito membro do Senado da Câmara Municipal do Porto, tendo convivido com Oliveira Martins e António de Oliveira Monteiro. Foi também director da Associação das Creches de São Vicente de Paulo, instituição benemérita da cidade.

Esta família viveu em grande proximidade com o mundo da arte e da cultura.

Profissionalmente, Alberto Marçal Brandão dedicou-se à contabilidade em diversas firmas, nomeadamente na casa Pinto Leite, na agência do Banco Comercial de Braga, no Caminho de Ferro de Guimarães e mais tarde tornou-se funcionário público, no Contencioso Fiscal da Alfândega do Porto, função que desempenhou até ao seu falecimento.

Em 1871, com 22 anos de idade, Alberto Marçal casou, na Sé da cidade do Porto, com Balbina Beatriz Pinto Leitão. Viveram toda a sua vida no número 12 da Rua Bella, na Foz do Douro, Porto, onde nasceram os seus sete filhos dos quais sobreviveram até idade adulta, Raul, Maria Beatriz e Maria Julieta.

Alberto participou em tertúlias e convívios promovidos pelo Clube Portuense e pelo Ateneu Comercial do Porto. Demonstrou interesse pela música e tocava diversos instrumentos.

Integrou, no ano de 1885, a comissão organizadora do programa do sarau musical para a inauguração solene do edifício do Ateneu Comercial do Porto. Interessou-se ainda pela escrita, tendo compilado algumas das suas obras em álbum. Dedicou-se à poesia, à redacção de peças de teatro, que encenava, e que eram protagonizadas pelos membros da família e pelos amigos, de entre os quais resalta na área da fotografia o amador Carlos Relvas, durante os convívios que organizava. Fazia diversas excursões de família, quer em Portugal quer ao estrangeiro. Do seu círculo familiar e amizades há a considerar nomes como Olindo e Narciso Pinto Leitão, seus cunhados, o escultor Teixeira Lopes, António Ramos Pinto e João Dias Alves Pimenta e ainda Joaquim Martins Teixeira de Carvalho, arqueólogo, jornalista e crítico de arte.

Os seus clichés começaram a ser publicados das principais revistas e periódicos que então circulavam. Participou em 1899, com o cliché "Cabeça de Negro" no Boletim do Photo-Velo Clube, Em 1901, foram publicados dois estudos seus na revista "Sombra e Luz". Colaborou no "Portugal Artístico", onde ilustrou, em 1905, uma crónica da autoria de Eduardo Sequeira.

A reportagem sobre a Excursão da Sociedade de Belas Artes a Coimbra publicada na Ilustração Portuguesa de 1908, muitos dos clichés são da autoria de Alberto Marçal Brandão. Aí podem identificar-se alguns dos seus familiares e amigos, como Joaquim de Vasconcelos ou Joaquim Martins de Carvalho, que foram guias da excursão.

Contribuiu, em 1913, com a obra "Bisbilhoteiras" para a "Illustração Sanjoaneira", revista propriedade do Núcleo dos Amigos da Foz ao qual pertencia. Participou, com o mesmo cliché, aqui designado de "Coscuvelhice", na primeira edição da "Revista Popular Illustrada". Neste mesmo ano, apresentou a sua obra "Passando a Vau no rio Vouga" n’ "O Comércio do Porto Ilustrado". No Natal de 1915, a mesma publicação voltou a apresentar uma imagem denominada "Colheita do Milho".

Participou no segundo concurso fotográfico promovido pela "Sombra e Luz", em 1900. Esta competição premiou a sua obra "Cabeça de Estudo" na categoria de retrato e classificou a sua prova "Em Terra". Em Dezembro de 1907 entrou na exposição organizada pelos Armazéns Grandella, onde recebeu uma menção honrosa e viu a obra publicada no respectivo catálogo.

Marçal Brandão contribuiu com os seus clichés para a produção de postais fotográficos da cidade do Porto, da região Norte do País e do vale do Douro, utilizando a abreviatura A. Brandão. Imagens suas foram utilizadas por firmas especializadas neste tipo de negócio, de entre as quais destacamos a Araújo & Sobrinho, o editor portuense J. P. da Conceição, a Estrela Vermelha, os Grandes Armazéns Hermínios e uma estreita colaboração com Marques Abreu, sendo que muitas das fotografias que possuem a marca Marques de Abreu & Cª serão de Alberto. Alberto Marçal Brandão foi também solicitado a colaborar com as suas obras em publicações relacionadas com arte e património, como foi o caso em "Arte - Archivo de Obras de Arte", na qual contribuiu com o cliché "Leça do Bailio - Claustro Romano", ilustrando um artigo sobre o Mosteiro de Leça do Balio, da autoria do historiador Joaquim de Vasconcelos.

A 23 de Dezembro de 1919, Alberto Marçal Brandão faleceu em sua casa na Foz do Douro, com 71 anos de idade. Foi sepultado no cemitério do Prado do Repouso, no jazigo da família Pinto Leitão.
Geographic name
Portugal, Porto
Functions, ocupations and activities
Contabilista e funcionário público, no Contencioso Fiscal da Alfândega do Porto
Internal structure/genealogy
Alberto Marçal Brandão era o filho mais velho de José Marçal Brandão e Maria do Carmo Maxima Lopes. Teve dois irmãos: Ana Marçal Brandão da Costa (1850-1929) e Alfredo Marçal Brandão (1852-1918). Ana casou com António Pedro Augusto da Costa, filho de um dos fundadores da Sociedade Aurifícia, e Alfredo casou com Laura Amália Rodrigues de Faria.

Casou, em 1871, com Balbina Beatriz Pinto Leitão (1846-1936), filha do ourives Pinto Leitão. Tiveram 6 filhos dos quais sobreviveram Raúl, Maria Beatriz e Maria Julieta Marçal Brandão. Raúl casou em 1930 com Antónia Martim Cabello, mas não houve descendência.
Custodial history
A documentação em causa esteve à guarda da família Marçal Brandão, na sua casa da Rua Bela, no Porto, até à morte de Maria Beatriz, última filha do clã a morrer. Não havendo descendentes directos de nenhum dos filhos, Beatriz faz sua herdeira a sua afilhada Maria Luísa Pinto Salgado Ferreira. Por vontade manifesta de Maria Beatriz a sua afilhada esta entrega a Manuel Leitão Vieiria dos Santos, filho do seu querido primo Virgínio Leitão Vieira dos Santos, uma parte do espólio fotográfico da família. A outra parte, uma infima parte do grande espólio acumulado pela família, foi guardado e recuperado pela filha de Maria Luísa Pinto Salgado Ferreira, também de nome Maria Luísa Salgado Ferreira. Alguns álbuns foram furtados da sua casa, sendo que a documentação tinha sido fotografada e foi possível recuperar as reproduções dos documentos, em formato digital.

De acordo com a herdeira, as máquinas fotográficas foram vendidas aquando da venda dos bens que se encontravam na casa, após a morte de Maria Beatriz. Muitos outros negativos de vidro, como não estavam em muito boas condições, foram deitados ao lixo.
Acquisition information
Documentação adquirida por compra (c. de 1476 documentos fotográficos) em Junho de 2000, a Manuel Macedo Leitão Vieiria dos Santos, e por doação de Maria Luísa Salgado Ferreira, em 2016.
Scope and content
Este arquivo apresenta imagens das suas viagens com a família pelo país, registando aspectos da vida rural nortenha, actividades agrícolas, nomeadamente na Quinta das Eirinhas, em Ermida, propriedade do amigo Camilo (conselheiro António Camilo de Almeida Carvalho), ou mesmo da casa de Carlos Relvas, em Vairão, Vila do Conde. Festas e procissões, paisagens, usos e costumes, localidades, monumentos, aspectos da vida urbana, retratos e retratos de grupo. Fotografou momentos marcantes da história da cidade do Porto (entre eles, visita de D. Manuel II ao Porto em 1908, as cheias do rio Douro em 1909).

Apresenta também um conjunto de imagens sobre expedições científicas a África, na Comissão de Demarcação dos limites de Tete, que lhe terão sido oferecidas pois não qualquer registo de ter acompanhado tal expedição.

Há ainda um alguma correspondência, cadernos de poesias de Alberto Marçal Brandão e de sua filha Beatriz, bem como um livro manuscrito de seu pai José Marçal Brandão com o título "A minha descendência" e um livro de recortes de imprensa sobre a atividade miniaturista de seu irmão Alfredo.
Documental tradition
Original - negativos e provas
Accruals
Depois da compra efetuada em Junho de 2000, a um dos descendentes da família, em 2016 a herdeira universal Maria Luísa Salgado Ferreira, efetou doação de c. de 2123 documentos fotográficos.
Arrangement
Classificação dos documentos em categorias seguindo a organicidade do conjunto de acordo com as áreas temáticas que o produtor estabeleceu, com ordenação cronológica, sempre que foi possível identificar tal.
Access restrictions
Parte da documentação acessível em cópia digital.
Conditions governing use
A reprodução de documentos encontra-se sujeita a algumas restrições tendo em conta o tipo dos documentos, o seu estado de conservação, o fim a que se destina a reprodução, às normas que regulam os direitos de propriedade e à legislação sobre os direitos de autor. A utilização da reprodução para efeitos de publicação está sujeita a autorização do dirigente máximo do CPF. O serviço informa, caso a caso, das opções disponíveis.
Language of the material
Português
Other finding aid
Catálogo (digital) Digitarq (base de dados de descrição arquivística).
Related material
Relação completiva: Portugal, Centro Português de Fotografia, existem 23 doc. fotográficos de Alberto Marçal Brandão na Colecção Nacional de Fotografia. PT-CPF-CNF.
Creation date
01/08/2011 00:00:00
Last modification
04/11/2022 12:38:17
Record not reviewed.