Ezequiel de Campos

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/CPF/EDC
Title type
Atribuído
Date range
1895 Date is uncertain to 1972 Date is certain
Dimension and support
2531 documentos, dos quais 2447 fotográficos essencialmente de 9x12cm e 11x16.5cm; Suporte: vidro, película, papel e metal; Polaridade: negativos e negativos; Cor: p/b e cor; Processo Fotográfico: gelatina e sal de prata, albumina e papel direto.
Biography or history
Ezequiel de Campos nasceu na freguesia de Beiriz, do Póvoa de Varzim, a 12 de Dezembro de 1874. O pai era alfaiate e regente da filarmónica de Bouças, em quem Ezequiel teve um exemplo. A mãe era costureira e morreu bastante nova, quando Ezequiel de Campos tinha 15 anos, tendo ele e as suas irmãs Guilhermina e Maria tido na tia materna Rita Custódia de Azevedo, também sua madrinha, a figura maternal. Também os tios paternos foram seus cuidadores e amigos. O tio Lino José com quem foi viver muito novo, era caixeiro/comerciante de panos, com loja na Praça do Almada, na Póvoa de Varzim. Aí frequentou a escola primária até ir para o seminário. O tio Ezequiel José e a sua mulher Maria Rita, que haviam regressado do Brasil e habitavam no Porto deram-lhe guarida e providenciaram pelos estudos liceais, quando saiu do seminário onde estudava. O tio José, que era também seu padrinho, morre e como Maria Rita, que era sua tia por afinidade, volta a casar, Ezequiel de Campos não se sentia bem, pois o casamento em segundas núpcias desprendi-a da família como relatou sua filha Carolina.

No Porto termina os estudos liceais patrocinado por um amigo do tio, José António de Sousa Bastos, grande proprietário e capitalista do Porto, que vivia na Praça Carlos Alberto.

No ano letivo de 1892/93 ingressou na Academia Politécnica do Porto, que lhe concedeu o grau de engenheiro civil, industrial e de minas em 1898. Não conseguiu ocupação em Portugal. “Tinha pensado em ir na emigração da febre do ouro para os Estados Unidos, mas desistiu. Concorreu às Obras Públicas e foi para África3. Começou por exercer a sua profissão, como engenheiro auxiliar, em 1899, na ilha de São Tomé, onde terá “vida selvagem por seis anos e encontra faina extraordinária a fazer plantações de cacau derrubando floresta virgem” (Campos, 1948).

Após ser nomeado deputado para a Assembleia Constituinte em 1911, entre idas e vindas vai mantendo contato com São Tomé até que em meados de junho de 1914 “desiludido e cansado da vida política regresso a África (...) mas a Guerra em agosto, obrigou-me a retroceder”4.

Em 1911 quando ia ver o por do sol à praia a Amorim conhece Isolina Gonçalves Mendes nos portais da quinta do pai dela com quem viria a casar a 1 de março de 1917.

Em 1916, retoma a vida de engenheiro e vai trabalhar para Évora até que em 1918 aceita a nomeação de chefe da Brigada dos Estudos Hidráulicos, quer na Metrópole quer em S. Tomé. A 9 de março de 1922 resolve aceitar a direção dos Serviços Municipais de Gás e Eletricidade do Porto (SMGEP) pois “a central térmica do Ouro estava moribunda”.

Fixado novamente no norte de Portugal, em 1923 adquire, em ruínas, o Convento de Leça do Balio e a Mata da Devesa anexa.

Da engenharia à economia é um passo e em 1925, ainda em funções nos SMGEP começa a lecionar no Instituto Superior de Comércio do Porto, como professor extraordinário de Economia Política e Legislação Industrial, onde se manterá até à sua extinção, na categoria de professor catedrático. É colocado na vaga de de professor catedrático do 8º grupo (Ciências Económico-Sociais) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em janeiro de 1934, onde se manterá até se aposentar, por limite da idade, em 12 de dezembro 1944. Entre 1931 e 1940 foi vogal do Conselho Superior de Obras Públicas.

Foi precursor do lançamento das barragens hidroelétricas, de que fez estudos desde 1912.

A sua carreira política começa por um “acaso” em junho de 1911, como deputado à Assembleia Nacional Constituinte, pelo Círculo de Santo Tirso, onde apresentou apresentou Projeto Lei de utilização de terrenos Incultos”, que apesar de ser tido como muito importante foi posto de lado logo em agosto. Em novembro de 1924, conjuntamente com outros membros do Seara Nova, como António Sérgio e Mário de Azevedo Gomes, faz parte do breve governo de José Domingues dos Santos, como ele próprio refere: “o Diário do Governo sem eu ter sido consultado, fez-me Ministro da Agricultura até 14 de fevereiro de 1925, de onde sai pelas polémicas com Carlos Malheiro Dias e o engenheiro Sarmento Pimentel, sobre fontes energéticas nacionais e nas dificuldades em colocar em prática a sua Proposta de lei de Organização Rural”.

Em 1926 é novamente nomeado Ministro da Agricultura e interino do Comércio, tendo recusado, não tomando posse. De 1935 e até 1962 acumulou funções com as de Procurador da Câmara Corporativa a, órgão consultivo na área legislativa, conjuntamente com a Assembleia Nacional, de acordo com a Constituição de 1933, do Governo da República Portuguesa, documento desenhado pelos militares e por Oliveira Salazar, substituindo a Constituição de 1911 e dando início ao Estado Novo.

Em termos políticos-ideológicos Ezequiel de Campos pertenceu ao movimento cultural Renascença Portuguesa, surgido em 1912 no Porto, pelas mãos de Jaime Cortesão, Teixeira de Pascoaes e numa segunda fase, Leonardo Coimbra, que tinha por bases um ideal nacionalista, tradicionalista, radicado no saudosismo português pela procura de uma regeneração nacional.

Este movimento vai dar origem a um outro, com também Ezequiel de Campos colaborou, o Integralismo Lusitano8, movimento nascido após a Primeira Grande Guerra, contestatário da Republica, que apesar de divergentes se aproximaram pela oposição democrática ao regime de António Salazar.

Outros intelectuais, como Jaime Cortesão, Raul Proença e António Sérgio, de quem era muito amigo, passaram por estes movimentos, mas foram seguindo as correntes do pensamento europeu, com quem Ezequiel de Campos vai fundar o grupo/revista Nova9, que pretendia intervir ativamente na vida política do país, aproximando a elite intelectual republicana e progressista da realidade portuguesa. Aí escreveu acerrimamente entre 1921 e 1926.

Colaborou com Salazar, como já se referiu, ao ter acumulado funções como Procurador da Câmara Corporativa, entre 1935 e 1962, nomeadamente nas questões associadas à sua paixão pelo aproveitamento hidrográfico, na primeira legislatura e à das Finanças e Economia Geral, a partir de 1938.

Colaborou na imprensa da época, quer no jornal local “O Comércio da Póvoa de Varzim” ou no escalabitano “O Combate”, quer nos grandes jornais do norte, "O Comércio do Porto" e "Jornal de Notícias".

Morreu a 26 de agosto de 1965, na sua casa em Leça do Balio.
Geographic name
Beiriz, Póvoa de Varzim
Functions, ocupations and activities
Engenheiro (civil, industrial e de minas), professor catedrático, economista, escritor, deputado e ministro.
Internal structure/genealogy
Filho de de Albino José Pereira Campos e Carolina Custódia de Azevedo.

Teve duas irmãs: Guilhermina e Maria.

Casou com Maria Isolina Gonçalves Mendes filha de António Ferreira Mendes e Maria da Costa Gonçalves.

Teve uma filha, Carolina Mendes de Campos, que casou com Edgar Pinto da Silva Lello.
Custodial history
A documentação sempre esteve na posse do produtor e dos seus herdeiros após a sua morte, a qual se encontrava acondicionada em caixas e envelopes no armário onde originalmente Ezequiel de Campos as guardava.
Acquisition information
A neta do engenheiro Ezequiel de Campos entrega ao CPF, a título de doação, em setembro de 2016, o acervo fotográfico, bem como algumas publicações suas e um conjunto de revistas "O lavrador" e a "Gazeta das Aldeias".
Scope and content
As fotografias do acervo fotográfico de Ezequiel de Campos doado ao CPF foram essencialmente realizadas após a sua idade adulta, com o início da sua vida profissional.

Em termos de conteúdo documentam os locais por onde passou e onde viveu ao longo da sua vida .

S. Tomé e Príncipe em todas as suas perspetivas: paisagística, agrícola, industrial, ferroviária, social e até etnológica, pois aí viveu uma parte da sua vida que dada a intensidade do que aí viveu correlacionado com o fato de coincidir com o início do seu percurso profissional se refletiu por toda a sua existência. A instalação do caminho de ferro, sua grande obra, o reconhecimento e medição do Pico do Cão, onde chegou foi pioneiro a chegar, as roças (Rio do Ouro, Diogo Vaz ou Monte Café) e a vida nas mesmas.

A sua terra natal Beiriz, as suas gentes e a família, não esquecendo o seu cão Piloto. O Paço de Leça do Balio, local escolhido para morada de família, destacando-se as obras de reconstrução da Casa do Mosteiro e as práticas de lavoura. A cidade de Évora onde viveu e se dedicou à agricultura. Os rios Douro, Cávado, Tejo e Ribacoyo.

Curiosamente, as poucas fotografias da cidade do Porto documentam a zona da Ribeira, o Muro dos Bacalhoeiros e a montagem de candeeiros na Praça Carlos Alberto, na cidade do Porto, em 1925, fato que à época determinou a publicação de notícia e ilustração jocosa no jornal humorístico «Córócócó».

Estão também documentadas duas viagens, uma designada de "estudantes" que poderá ser após a conclusão do curso e outra de "professores", em 1940.
Arrangement
Em tratamento
Access restrictions
Documentação a aguardar tratamento.
Conditions governing use
A reprodução de documentos encontra-se sujeita a algumas restrições tendo em conta o tipo dos documentos, o seu estado de conservação, o fim a que se destina a reprodução, às normas que regulam os direitos de propriedade e à legislação sobre os direitos de autor. A utilização da reprodução para efeitos de publicação está sujeita a autorização do Diretor de Serviços do CPF. O serviço informa, caso a caso, das opções disponíveis
Language of the material
Português
Other finding aid
Recenseamento em Folha de Recolha de Dados disponível para consulta no CPF.
Location of originals
Provas em álbuns na posse da família e restante acervo pessoal na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim
Related material
Relação Completiva: Portugal, Câmara Municipal Póvoa de Varzim, Biblioteca, restante acervo pessoal (bibliografia, correspondência, cadernos de notas, etc;

Relação Associativa: Portugal, Faculdade de Engenharia do Porto;

Relação Associativa: Portugal, Câmara Muncipal do Porto.
Creation date
27/05/2019 17:52:55
Last modification
17/07/2019 17:42:18
Record not reviewed.