Luís Bramão

Description level
Fonds Fonds
Reference code
PT/CPF/LB
Title type
Formal
Date range
1922 Date is certain to 2003 Date is certain
Dimension and support
Dimensão: 594 documentos dos quais 588 fotográficos; Suporte: película e papel. Polaridade: positiva e negativa. Cor: cor e p/b. Processo Fotográfico: diapositivos cromógenea e gelatina e sal de prata
Biography or history
Luís Bramão nasceu em Lisboa, a 31 de maio de 1909, numa família aristocrata. O seu nome completo é Luís António Lamarão Alvares Pereira de Sequeira Bramão. O pai era engenheiro de minas e a mãe pintora. Viveu toda a sua vida no palácio da família na Rua da Escola Politécnica, nº 147, com os irmãos, o pai e mais tarde a madrasta, pois aos seis anos perde a mãe, que morre de tuberculose. Ele e os irmãos, após a mãe adoecer, foram acompanhados por Maria

José Pina Manique (1877-1973), a quem tratavam por Zézinha. A família mais próxima foi também determinante nesta fase das suas vidas bem como na construção das suas personalidades. O tio Alberto Bramão (1865-1944) e a tia Adelaide, que não tinham filhos, recebiam-nos constantemente na sua casa em São João do Estoril, nomeadamente nas férias escolares. Fez o ensino primário dividido entre o Colégio Vasco da Gama, o Colégio Moderno e a Escola Académica, considerada na época a melhor escola de Lisboa, onde foi muito influenciado a praticar desporto, nomeadamente natação e ténis, nomeadamente a modalidade de ténis de mesa, de que foi o primeiro campeão nacional em 1927. Após o ensino secundário no Liceu Pedro Nunes ingressou em medicina na Escola Politécnica, contudo, as aulas de anatomia fizeram-no mudar de curso. Em 1926, começa a estudar no Instituto Superior de Agronomia (ISA). Por intermédio do professor Carlos Helbling é indicado para começar trabalhar num tirocínio da Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola, no Algarve, onde ganhava o ordenado mensal de 1,333 escudos. Este trabalho leva-o a publicar na Revista agronómica, de 1932, o artigo “A classificação dos solos da Campina de Faro, sob o ponto de vista da sua aplicação para regadio”. Será, também, este o título da sua tese para terminar o curso de Engenheiro Agrónomo, em 1933. Logo de seguida, começa a trabalhar tendo entre 1935 e 1936 liderado um grupo de estudo da Barragem de Silves, na Ribeira do Arade.

Pouco tempo depois, em Outubro de 1936, impulsionado pelos professores do ISA, António de Souza Câmara, Rui Mayer e Carlos Helbling concorre a bolseiro do Instituto de Alta Cultura, para a Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova Iorque, onde obteve o grau de mestre com o trabalho “Génese, Classificação e Cartografia dos Solos”. O final destes estudos coincide com o início da Segunda Grande Guerra e, apesar de querer continuar nos Estados Unidos da América, é pressionado pela sua mulher (Isabel Pareto) a regressar a Portugal.

Já em Portugal, enquanto investigador da Estação Agronómica Nacional (EAN), e sob a direção do Professor António Pereira de Sousa da Câmara, é encarregado de organizar e chefiar o Departamento de Solos e a dar início aos trabalhos conducentes à realização da Carta dos Solos de Portugal, a qual foi publicada em 1942.

Durante este período em Portugal continuou a trabalhar ativamente com as embaixadas dos Estados Unidos e da Inglaterra, o que por um lado lhe valeu o nome na lista negra Alemã e por outro um visto de residência permanente nos Estados Unidos. O seu interesse pela causa monárquica, atenta a sua descendência, a desilusão com a falta de apoio do governo de Salazar, às suas pesquisas, fizeram com que tomasse o conselho de um professor da EAN, sobre tentar ajudá-lo a obter autorização para regressar aos Estados Unidos, o que aconteceu em 1947.

Como ele próprio disse: “Estava a fugir das limitações que o ambiente salazarista me impôs. Queria fazer pesquisas científicas mais interessantes”. Começou por ser contratado por dos mais proeminentes laboratórios da área, o Plant Industry Station, em Beltsville, na Pensilvânia, com quem tinha colaborado enquanto trabalhava no EAN.

Ao trabalhar sob a liderança do Dr. Sterling Hendricks, este conseguiu-lhe uma bolsa da Fundação Rockefeller, entre 1948/49 e 1951, tendo também trabalhado na Pensylvania State University e no United States Geological Survey. Apesar de estar no estrangeiro sempre manteve a ligação ao país, tendo em 1948, tornando-se um dos sócios fundadores da "Liga para a proteção da natureza", cujo o objetivo era promover ações de campanha pedagógica e estudos para alertar o Estado no tocante ao processo de destruição da natureza que ocorria em Portugal, na altura, nomeadamente por conta de políticas como a "Campanha do Trigo" que nos anos 40 promoveu danos irreversíveis nas produções autóctones, principalmente da região do Alentejo e Algarve.

Em 1952 preparou e defendeu a tese, em mineralogia da argila e classificação do solo, que lhe garantiu o título de investigador-coordenador no EAN quando prestou provas públicas para o cargo. Novamente, sentiu que o governo continuava a não se interessar pela investigação científica e nesse mesmo ano regressa a Beltseville, para trabalhar inicialmente na Fundação Rockefeller e de seguida na Food and Agriculture Organization (FAO), das Nações Unidas, para o vasto programa da classificação e cartografia dos solos à escala do planeta. As suas missões na FAO estenderam-se ao Brasil, onde prestou assistência em trabalhos de cartografia, génese e classificação dos solos, entre 1953 e 1955. Aí, ainda em 1954, após uma visita do Dr. F Wahlen, Diretor da Divisão Agrícola, da FAO, convida-o a ir trabalhar para a sede da FAO em Roma, para organizar e coordenar o primeiro vasto programa da classificação e cartografia dos solos à escala do planeta.

Viverá em Itália entre 1954 e 1969, altura em que conhece e casa com a sua segunda mulher, também a trabalhar para FAO.

Retira-se da FAO em julho de 1969 e regressa a Portugal, para trabalhar como diretor do Laboratório da Microscopia, do Instituto Nacional de Investigação Agrária. Deu aulas na Universidade do Algarve e Madrid. Foi também presidente da assembleia da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo em São Brás de Alportel, onde adquiriu uma propriedade e onde se veio a fixar após regressar de Itália.

Era um apaixonado por arte e o tempo vivido em Roma foi o cenário ideal para se tornar num ferveroso colecionador de arte e antiguidades. O seu interesse pela arquitetura também cresceu, levando-o a recuperar casas, nomeadamente a torre do Século 10, na zona histórica da aldeia marítima de Sperlonga. Em Portugal, foi membro fundador e o primeiro presidente da Associação de Casas Antigas Portuguesas, instituída em 1978.

Em 1986, recebe a medalha oficial da Ordem Militar de São Tiago da Espada, pelos serviços prestados à ciência.

Morre a 8 de novembro de 2007, aos 98 anos.
Functions, ocupations and activities
Engenheiro agrónomo, investigador e professor
Internal structure/genealogy
Luís António Alvares Pereira de Sequeira Lamarão Bramão era filho de Vasco Allen Álvares Pereira de Sequeira Bramão (1870-1966), engenheiro de minas, industrial, e de Sarah Rodrigues Lamarão (1887-1915), pintora.

Era irmão de Manuel Nuno Álvares Pereira de Sequeira Lamarão Bramão (1906- 2005), Maria Teresa Álvares Pereira de Sequeira Lamarão Bramão (1908-2006), Maria Luísa Álvares Pereira de Sequeira Lamarão Bramão (1911-1920) e meia-irmã de Maria de Lourdes Galvão Mexia Álvares Pereira de Sequeira Bramão (1920-1992), filha do segundo casamento do pai, em 1919, com Maria Margarida Mascarenhas da Costa de Sousa e Moura Teles e Albuquerque Galvão Mexia (1882- 1974).

O irmão Manuel, também engenheiro agrónomo pelo ISA, seguiu a carreira diplomática, como consultor da embaixada portuguesa em Washington a partir de 1929, a irmã Maria Teresa casou com Vasco Pina Manique Pereira da Cunha, e meia-irmã de Maria de Lourdes casou com João de Deus Bataglia Ramos, que foi embaixador de Portugal no Brasil.
Custodial history
A documentação sempre esteve na posse do autor/produtor, a qual passou para a sua viúva após a morte deste em 2007. Em 2013 a doadora enviou o conjunto de 516 diapositivos, 11 provas fotográficas e um livro biográfico do autor.
Acquisition information
Aquisição por doação de sua mulher Carin Olhsson Bramão (única herdeira), em 2013 e em 2024.
Scope and content
Âmbito: Os documentos e fotografias deste arquivo pessoal foram realizadas e coligidas no decurso da sua vida pessoal e profissional. No caso dos diapositivos, estes terão sido produzidos, essencialmente entre finais dos anos 30 e finais dos anos 50, atento o processo fotográfico usado - filme colorido "Kodachrome"- o qual apareceu em finais dos anos 30 e a data em que o autor/produtor regressa dos Estados Unidos da América, em setembro de 1939, e o seu retorno, por volta de 1950. Esta informação é corroborada pelas indicações de Carin Bramão, sua mulher, que garante que as mesmas serão muito anteriores ao seu casamento pois desconhecia os diapositivos.

Conteúdo: Os diapositivos apresentam diversas localidades de norte a sul de Portugal, com incidência para paisagens rurais, com foco para os solos, tema do seu interesse, pois entre 1933 e 1936, estagiou e trabalhou, como Chefe de Divisão de Solos, na Junta Autónoma de Hidráulica Agrícola, e entre finais de 1939 e 1948, ao regressar dos E.U.A., foi nomeado Diretor do Departamento de Solos da agora designada Estação Agronómica Nacional.

As restantes fotografias e documentos referem-se a eventos em que participou enquando membro da Food and Agriculture Organization (FAO).

Foram também doados dois livros de carácter biográfico, um sob o título Dom Luis Bramão A man of passions, numa edição privada em 2010 e um da auto biografia de Carin Bramão com o título Longevity, os quais serão integrados no catálogo bibliográfico da Biblioteca Pedro Miguel Frade, do CPF.
Documental tradition
Original e cópia
Accruals
Em 2024, após contato sobre a eventual identificação de pessoas, a doadora remeteu ao CPF mais um conjunto de documentos, de entre os quais 1 envelope com 29 películas de 35 mm, 82 provas fotográficas, 6 documentos e uma biografia de Carion Bramão.
Arrangement
Classificação dos documentos em categorias seguindo a organicidade do conjunto de acordo com a ordem e classificação que o produtor estabeleceu: Cada série está organizada em unidades de instalação, de acordo com as temáticas determinadas pelo autor, com ordenação numérica sequencial.
Access restrictions
Documentação acessível ao público mas que aguarda tratamento.

Após tratamento, será parcialmente acessível em-linha, sendo que em alguns casos poderá tornar-se acessível sob pedido ao CPF e de acordo com as exceções previstas no nº 2 do artº 79º do Código Civil vigente, quanto aos direitos de imagens.
Conditions governing use
Reproduzível, contudo a reprodução de documentos encontra-se sujeita a algumas restrições tendo em conta o fim a que se destina a reprodução, às normas que regulam os direitos de propriedade e à legislação sobre os direitos de autor, bem como dos direitos de imagem. A utilização da reprodução para efeitos de publicação está sujeita a autorização do dirigente máximo do CPF. O serviço informa, caso a caso, das opções disponíveis.
Language of the material
Português, italiano e inglês
Physical characteristics and technical requirements
Características físicas: Em bom estado de conservação;
Other finding aid
Digitarq (base de dados de descrição arquivístiva).
Notes
Bibliografia consultada:

Blades, Holly (2010). Dom Luis Bramão A man of passions;

Bramão, Carin (2019). Longevity;

Galopim de Carvalho, A.M. (2015). 2015 Ano Internacional dos Solos Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva.
Creation date
09/01/2024 18:40:46
Last modification
30/04/2024 14:38:57
Record not reviewed.